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Direito: A renovação em um dos cursos mais tradicionais

O curso escolhido por Garibaldi Almeida Wedy, 96 anos, ainda ocupa este ano duas das cinco posições mais disputadas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mas o Direito cursado pelo desembargador pouco se parece com o que o filho Délio Wedy, 65 anos, cursou, que por sua vez também se diferencia da faculdade do neto Gabriel Wedy, 36 anos, e não será o mesmo de quem se prepara para ingressar. Em 2010, uma das mais tradicionais graduações já promove mudanças. Uma delas é mais atenção à disciplina de direitos humanos. A matéria passará a integrar a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em janeiro de 2011. Aulas de direito do consumidor e direito ambiental, disciplinas que o desembargador não poderia imaginar em seu tempo de faculdade, também se tornarão obrigatórias.Em 1934, para estudar na UFRGS, Garibaldi se submeteu a um vestibular oral, com provas de latim, geografia, filosofia, literatura e higiene (uma espécie de conhecimentos gerais ligados à saúde e à vida cotidiana). A foto dos colegas, no dia do trote, nas escadarias da faculdade foi publicada pela revista O Cruzeiro e está em uma moldura, onde um círculo branco destaca o rosto de um colega especial: João Goulart, sorrindo e com um cigarro na boca.“Tive colegas e professores ilustres. Mas poucos de nós se utilizavam do latim. Era mais uma formalidade. Eu queria ter estudado filosofia do Direito, mas o bacharelado não oferecia a disciplina”, conta o escritor, com oito livros publicados, que ao longo da vida foi promotor de Justiça e juiz de Direito.Com bem menos tempo para formalidades, mas ainda no modelo de ensino tradicional, a geração seguinte incrementa o currículo. Mas não consegue chegar aonde queria.“ Faltou a prática do Direito na minha época de faculdade “,  diz o desembargador Délio Wedy, formado pela UFRGS, em 1967.As modificações, diz o professor Rodrigo Valin de Oliveira, coordenador do curso do UniRitter, começaram a ocorrer com a promulgação da Constituição de 1988, que ampliou o rol de direitos e o acesso à Justiça. Mas, como marco da evolução, ele destaca a década de 90, com o início das avaliações do Ministério da Educação e o exame obrigatório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).“ Isso deu visibilidade pela primeira vez à formação do aluno. Surgiram atividades complementares, disciplinas eletivas e passou a se dar mais importância para pesquisa e extensão”,  diz Valin.Com o Código do Consumidor, do direito civil e as diretrizes do MEC para o curso, o Direito mudou muito nos anos 2000. Discussões como reprodução assistida, bioética, internet e crimes ambientais já são comuns nas salas de aula. Práticas e disciplinas eletivas ganharam força, oferecendo mais autonomia de formação e especialização aos estudantes.Para Gabriel, 36 anos, o mais jovem juiz da família Wedy, graduado em 1996 pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), não houve tempo. Para conhecer a fundo o direito ambiental, matéria fundamental no seu dia a dia, cursou o mestrado na área. Já a internet não foi preciso estudar tanto. O tribunal federal onde trabalha, em Porto Alegre, começará em fevereiro a operar totalmente de forma virtual. É o começo do fim das sentenças escritas por Garibaldi, o avô que também transmitiu a tradição do Direito ao irmão, o advogado Miguel Wedy, de 33 anos.

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