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Aventura para ensinar história – no Diário da Amazônia

Do Diário da AmazôniaSemanalmente, quando vai ao ar o programa Trilhando a História, exibido na RedeTV, o jovem historiador Aleks Palitot entra na casa dos rondonienses para contar de maneira dinâmica e in loco um pouco da história de Rondônia, relatada, até então, apenas em livros. O apresentador do programa, que ao longo dos anos vem conquistando cada vez mais audiência e desbravando a história é exemplo de que quando se faz algo com dedicação, não há limites de possibilidades, até mesmo para uma profissão com tantos desafios e desvalorizada: a de professor. Longe de estar desmotivado, Aleks divide o tempo da sala de aula no Colégio Objetivo com mestrado, MBA e um programa de TV que não tem limite de fronteira.Em entrevista ao Diário, o Aleks Palitot, conta como traçou uma história bem diferente ao se entregar de corpo e alma ao ofício de professor.Diário: Como começou essa ideia de integrar a sala de aula com a atividade de campo?Aleks Palitot: Sou professor há mais de 10 anos, nascido em  Rondônia, sempre gostei de história, sempre foi a área que busquei na minha meta de vida. Minha família é tradicional, meu avô foi mestre de obras em prédios importantes de Porto Velho, como  o Palácio do Governo e a Catedral, minha mãe foi pedagoga 40 anos, minha tia foi engenheira da Madeira-Mamoré, então minha família sempre integrou o panorama histórico-cultural de Rondônia, então eu tinha que fazer história mesmo. E a gente sempre buscou na disciplina fazer algo diferente.O projeto do programa começou dentro da sala de aula, eu sempre procurei fazer atividade de campo com os meus alunos. Desde 1999 comecei a fazer atividade na Estrada de Ferro, nos lugares mais próximos de Porto Velho. A gente tinha vários projetos pedagógicos interdisciplinares, que envolviam outras áreas como Biologia e Geografia e a conseqüência da maturidade que se levou essas atividades, começamos a viajar para outras localidades fora do perímetro urbano de Porto Velho. Fomos para Guajará-Mirim, Abunã, para Vila Bela no Mato Grosso, Ji Paraná, Ouro Preto, Costa Marques e pretendemos ir para outros lugares.O publicitário Washigton Olivetto disse que hoje qualquer um pode ser publicitário ou fazer qualquer coisa. A questão da mídia hoje está muito aberta, por conta do mundo digitalizado. Hoje por conta do youtube todo mundo tem a possibilidade de fazer um vídeo e colocar na internet e você pode ser visto. E numa dessas eu peguei a minha câmera digital e comecei a fazer vídeos com os alunos das minhas viagens e atividades, fazia uma edição bem ‘chinfrin’ e colocava na internet e os alunos passavam para os colegas. Um produtor do SBT achou legal e quis levar isso para a TV. E eu nunca levei a sério, e ele veio na escola e eu vi que era sério mesmo.O primeiro programa foi ao ar em maio de 2008 e foi muito interessante, pois a gente faz um programa que não tem nenhum cunho jornalístico, pois eu sou historiador. O que eu faço na TV é o que eu faço em sala de aula, por isso a linguagem é bem espontânea e sempre associando com aventura, pois o nosso objetivo inicial era atingir o público juvenil. Mas a gente acabou percebendo, através de pesquisas, que o programa atingia de 8 anos de idade até 80.O projeto em si, que é transformar a casa das pessoas em uma sala de aula, também é de resgatar essa questão do orgulho de ser da região Norte e de viver na Amazônia. O nosso objetivo sempre foi de despertar nas pessoas esse espírito de jornalista mesmo e gostar da região e até quem não é daqui, pois muitas vezes as coisas ficam guardados nos livros. Se você não tem um livro tão atrativo assim, a gente pode proporcionar uma atividade com conteúdo, com dinamismo, conversando com pessoas da história de Rondônia, que merecem ser lembradas e homenageadas, lugares históricos, até a gente despertar essa idéia de que as pessoas tenham orgulho da sua cidade e defender a cidade com unhas e dentes. Diário: Como você faz para conciliar o programa com suas atividades profissionais?Aleks Palitot: A gente tenta conciliar, é muito complicado. Eu estou fazendo meu segundo mestrado, agora na Unir, fiz outro pela Complutência de Madrid, em História Contemporânea, e agora estou fazendo outro sobre Desenvolvimento Regional e um MBA na Fundação Getúlio Vargas em Gestão Pública. Eu diminuí bastante a minha carga horária na escola, deixei outras escolas, e a gente grava os programas no fim de semana. É realmente uma loucura! Durmo às duas da manhã, acordo cedo, tenho que estudar para o mestrado, ainda tenho a atividade escolar. Mas é uma coisa que eu faço com prazer. Para mim, o “Trilhando” trouxe muitas coisas boas, não tenho do que reclamar, exige muita dedicação, mas a gente tem aquilo que nunca falta que é o amor pela atividade que faz. Diário: Quais as suas metas com o programa?Aleks Palitot: Já me perguntaram o que eu pretendo fazer com isso. O programa começou como uma brincadeira, e nós vamos levar, não como uma brincadeira, mas vamos deixar as coisas acontecerem naturalmente. Não estabelecemos metas e não pensamos muito grande, o que for acontecendo vamos absorver com muita naturalidade.É claro que a gente tem os nossos objetivos, de lugares para filmar, de filmar o Estado todo. Esse ano estamos com a meta audaciosa de gravar em Espanha e Portugal, a gente quer falar sobre Rolim de Moura, Pedro Teixeira, esses caras que vieram de Portugal para Amazônia, esses personagens da história a gente quer trabalhar fazendo esse link da Europa com a Amazônia já que essa região foi ocupada por espanhóis e portugueses.A gente também tem a pretensão de gravar em outras regiões do Brasil. Já recebemos o convite do governo de Roraima para gravar sobre expedição do Monte Roraima, falar sobre Boa Vista, o governo do Acre também já oficializou um convite e faz a relação com o Tratado de Petrópolis, Revolução Acreana. A gente tem também uma gravação marcada em Ouro Preto, em Minas Gerais, um programa especial sobre a Inconfidência Mineira. Temos um programa em São Paulo, já gravamos no Museu Paulista e queremos retornar para falar das fotografias da Danna Merril que se encontram lá. Tem um que pretendemos gravar no Rio de Janeiro sobre a visita de Getúlio Vargas a Porto Velho na década de 40 no Palácio do Catete.Tem muito lugar aqui em Rondônia que a gente não gravou ainda, mas é uma coisa que eu preciso decidir da minha vida. Se eu quero continuar a ser professor ou se quero trilhar a história. E a nossa grande questão hoje é saber se eu continuo em sala de aula ou não. Eu sempre tento conciliar o calendário da escola com as minhas viagens. Tenho uma viagem para Roraima e são oito dias no mínimo e outra para a Bolívia, com nove dias. Então muita coisa eu deixo passar por estar em sala de aula. Só que eu sou um cara muito grato à sala de aula porque aprendi muito com ela. Os meus alunos são o meu termômetro. Deixar a sala de aula para priorizar o programa, não sei se isso vai ser bom ou não, no aspecto de perder o contato com os alunos, pois eles participam do programa.O ensino hoje não pode ser restrito a quatro paredes, nem às mídias sociais. Você tem que viver realmente onde a história acontece. Onde a Biologia e a Geografia acontecem e viajar nesse mundo. 

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